Siblings

A relação entre irmãos e irmãs é, de todas as relações humanas, uma das mais intensas: entrelaçam-se sentimentos de afeto, confiança, competição, instinto e proteção e conflito.

O que acontece, porém, se uma das crianças tiver necessidades especiais? Como se modificam os comportantos dentro e fora do contexto familiar? Que implicações daí derivam e que recursos se podem utilizar?

Este livro compromete-se a responder a estas perguntas, dando voz a crianças que tenham irmãos com necessidades especiais ao longo de várias fases do crescimento. Os seus testemunhos reconstroem toda a complexidade de uma experiência única: o sentimento de abandono por parte dos pais, as fases de negação e de indiferença, a inveja…mas também o entusiasmo de poder ajudar um irmão ou uma irmã, o orgulho ao encarar as conquistas e objetivos alcançados e a possibilidade, depois de reconstruida a experiência pessoal, reconhecer o potencial desta “fraternidade especial”.

Siblings (“Irmãos”), através da apresentação de histórias de vida, projetos, investigações e uma rica seleção de sugestões de leitura, acompanhará os irmãos e os pais de crianças com necessidades especiais num percurso de conhecimento, para melhor se conhecerem uns aos outros e, deste modo, gerirem de maneira eficaz os conflitos, assim contribuindo para a construção de um contexto familiar sereno e firme.

“Lutei. Lutei muito com toda a gente: pais, familiares, colegas, amigos, e até com ele, o meu irmão Marco. Desejei-o muito e quando nasceu não perdi a coragem. Sim, houveram momentos de transtorno e insensatez, mas no final venceu o amor que eu lhe tinha. Mas tive de lutar… havia sempre qualquer coisa que nos impedia de sermos irmãos: problemas de saúde, preocupações minhas ou dos meus pais, os olhares dos outros… até que um dia o Marco me defendeu durante uma discussão com a minha mãe. Só então percebi que tinha um irmão, um cúmplice um pouco estranho e complicado, mas ali estava ele, à minha frente.

A partir daquele momento o meu comportamente em relação a ele mudou e comecei a lutar pela nossa relação fraternal: deixei de o poupar às brigas e às zangas e finalmente aprendemos a conhecermo-nos. Tudo isto teve repercurssões nos meus pais. Tive a sensação de que se sentiam quase aliviados, porque finalmente estávamos todos juntos, abertamente, a enfrentar a vida um dia de cada vez.”